Friday, April 24, 2009

COISAS SIMPLES

Hoje é dia da revolução dos cravos, dia da revolução que tentou levantar Portugal do obscurantismo, do “orgulhosamente sós” e isso foi feito com uma ideia de futuro, quase como uma jura de amor entre namorados… “para sempre”…claro que á semelhança da jura dos namorados a revolução também esfria e com ela a democracia e a ruptura passa a ser um risco enorme, os namorados falam menos um com o outro e a democracia fala menos com o povo.
Mas o que me leva a escrever hoje são coisas mais simples, vou deixar de lado o meu pseudo-intelectualismo e focar-me só nessas ditas coisas simples, a própria revolução do 25 de Abril foi uma coisa “simples”, sem grandes dramas, sem quase sangue derramado, bem á altura de um país top a nível de cultura e civilização. Claro que a cidadania ainda é um longo caminho a percorrer mas sejamos optimistas, estou convencido que lá para 2300 seremos um País que não se sentirá envergonhado de uma qualquer Suécia ou Holanda de 2009, claro que não faço ideia de como serão esses Países também em 2300, problema deles, se quiserem não evoluam e esperem por nós.
Uma noite destas, dei por mim a passear de carro na zona da Arruda dos Vinhos, Sobral, Vialonga e diziam me: esta volta de dia é mais bonita, de noite não se consegue ver nada - e embora fosse um facto que não se via nada não deixa de ser bonito quer o silencio da zona e da noite, quer a possibilidade que dava em se conseguir imaginar pelas silhuetas pretas dos montes, arvores, casas etc como seria a zona á luz do dia, e esse exercício é, para quem se lembra, igual á altura em que só havia televisão a preto e branco, e eu miúdo, tentava sempre imaginar quais seriam as cores das camisolas das pessoas , do próprio tom do azul do céu e de todo o cenário que se apresentasse, e era bonito e puro, assim como é bonita e pura essa paisagem da Arruda. Não é de certeza a mais bonita mas para o caso não interessa, são coisas do momento e esse é muitas vezes efémero, fica o clic da imagem na retina e passa.
De dia não se pode deixar de reparar na fantástica Natureza que temos, e mesmo que não tivéssemos um calendário bastava olhar para as bermas da estrada ou para os campos e ver as papoilas, olhar para os prédios e ver os ninhos das andorinhas e sabemos imediatamente em que altura do ano estamos, uma coisa tão simples, tão bonita que faz muitas vezes de inspiração a quem escreve ou pinta ou simplesmente observa.
Um dia destes li ou ouvi uma notícia em que um escritor dizia que os escritores escreviam porque tinham um desequilíbrio qualquer que os levava a terem que escrever de forma a ultrapassarem essa fase, pensei, felizmente passo meses sem escrever, só que ao mesmo tempo reparei que este mês já é o 2º post, logo devo estar ou andar desequilibrado, deve ser por estar sem maquina do café…uma coisa simples ao fim ao cabo.
Vem-me á memoria nesta época também, a altura em que andava no secundário e tinha de estudar porque era o 3º período e passava noites a estudar, quer dizer não era bem a estudar era mais a ouvir o Oceano Pacifico e a assaltar o frigorifico da minha mãe, devorando o que houvesse, inclusive o almoço do dia seguinte ehehehe, imaginem a vossa mãe estar descansada da vida porque fez carne estufada na panela de pressão e quando pensa em ir almoçar já depois de fazer o acompanhamento para a dita carne repara que só existe…molho e umas duas cenouras…pois ehehehe, mau muito mau
Lá tive de ir a correr comprar uns frangos assados.
Altura essa em que ia comprar leite á vacaria e a minha mãe tinha de o ferver para ser consumido, o que levava a uma guerra sobre quem comia a nata (para quem gosta claro) entre mim e a minha irmã, invariavelmente com a vitoria…dela, era mais pequena e tal e eu deixava. Claro que essas idas á vacaria não eram tão inocentes assim, alem de ir na minha moto para mostrar que haveria sempre a possibilidade de alguém ter boleia, dava sempre para encontrar alguma colega de escola ou filha de alguma vizinha assim para o interessante, e conversa após conversa convida-la para a próxima festa da escola ou do grupo a que eu pertencia, mas era engraçado, e hoje á distancia de alguns anos consigo sorrir mesmo nas situações em que levei tampa, não para o leite mas das mocitas.
Lembrei-me agora também que passou em rodapé no telejornal que, hoje, um helicóptero ia largar sobre Lisboa 5000 cravos e pensei (lá ando eu com esta mania), porquê quantificar? Não seria mais bonito dizer que ia largar cravos sobre Lisboa? Não seria mais simples?
E são realmente essas coisas simples que têm mesmo mais importância, é na simplicidade das coisas que o complexo aparece e se desenvolve, se olharmos á noite para um céu estrelado vamos contar as estrelas? Vamos quantificar o numero de estrelas ou vamos admira-las no seu esplendor? Claro que já tentamos conta-las num exercício de brincadeira, como em criança quando a minha mãe nos cortava o cabelo, ás vezes tentava contar os cabelos cortados, mas era diferente, não era com o intuito de mais tarde fazer uma declaração ao país e dizer que a minha mãe tinha cortado 9234 cabelos, coisa que em eleições próximas a Câmara de Lisboa poderá dizer, não que lançou cravos no 25 de Abril, mas que lançou 5000 cravos no 25 de Abril, é totalmente diferente…e com isso morre a simplicidade e pureza da acção.
Simples, é a forma como em criança via as coisas e triste fico por não as conseguir ver agora da mesma forma. Poucas coisas são iguais aos olhos de uma pessoa quando criança e depois quando adulta, e por mais que não queira preferia mil vezes vê-las com os olhos de criança, e dizer bué, bué de vezes sem querer saber se me estão a criticar ou não, gritar na mesa de um restaurante quando o Benfica marca um golo sem me ralar com o olhar reprovador de outras mesas, de andar na praia e esquecer-me de tirar a areia dos ténis antes de entrar em casa, e mais mil e uma coisas naturais numa criança e reprovadas como adulto, criancice minha?
Era bom…
Já é de dia e vou acabar este post agradecendo as mesmas coisas dos posts anteriores.
Um resto de bom dia

Saturday, April 04, 2009

BRANCO E IMACULADO

Depois de mais um travessia no deserto, de mais um serie de acontecimentos marcantes, ou não, no nosso burgo decidi que era talvez tempo de voltar a escarrapachar umas linhas aqui no blog de forma a lavar o espírito e com a esperança de que algum dia alguém irá ler isto.
Fiz um rewind (fica sempre bem estas palavras, dá assim um look mais erudito) dos meus últimos posts, e reparei que o meu lado critico andava muito afastado enquanto o lado lamechas aflorava a cada frase e convenhamos eu sou um duro, um macho men, um guerreiro, não tenho tempo para essas “mariquices” e como tal aqui vou eu escrever qualquer coisa bem azeda.
Para começar acho que poderíamos adjudicar um patrocínio ao Paìs e nada melhor do que uma empresa de dentífricos, já imaginaram um slogan tipo “ Portugal branco só com Colgate Branqueador “ ou “Colgate Branqueador o dentífrico oficial de Portugal” ou ainda “branco mais branco não há Colgate o branqueador de Portugal” , ficava bem não acham? e mais, era adequado, conhecem , tirando na América Latina, algum país em que se Branqueie tanto como em Portugal? E acreditem não tem nada a ver com uma politica de saúde oral (não confundir isto, suas mentes perversas).
Agora a desculpa é a grave crise que nos afecta a todos, eu realmente acho que afecta mas ao mesmo tempo pergunto eu: porque razão tenho eu e outros milhões como eu de suportar os custos das asneiras que certas entidades bancárias fizeram? não foi comigo porque eu, se não pagar os empréstimos não tenho perdão , nem sequer me emprestam dinheiro sem eu ter cobertura dos mesmos, por isso não sou eu que estou em falta nem os bancos ficaram em falta por causa de mim, ah mas também a verdade é que não sou amigo de nenhum banqueiro nem moro em algum paraíso fiscal com todas as vantagens adjacentes, e não posso ficar chateado por não pertencer ás 18 pessoas a quem um banco emprestou 19% dos seus empréstimos globais sem garantias de retorno, isto tudo sem o conhecimento do Banco de Portugal, é uma piada de certeza.
Ah mas dizem, “não sabíamos que ia ser assim” ” nunca pensamos que a gestão fosse tão danosa”, e eu penso (ando a pensar muito, daí os meus cabelos brancos) – mas estas empresas e bancos têm economista, gestores, gestores de risco, gestores sem ser de risco, gestores economistas e the last but not the least – economistas de risco, para os amigos claro.
Isto mais as gasolineiras que já não vale a pena falar, taditas com o aumento dos combustíveis no ano passado uma delas só consegui-o ter um lucro de 200% em relação a 2007, é de chorar sim sra. E acho muito bem que um dia destes peçam ajuda ao estado e uns milhões emprestados sem juros, e já agora sem prazo de reembolso, isto tudo a favor de um melhor ambiente sem octanas.
Por falar em Ambiente sei que queria falar em qualquer coisa relacionada com Ambiente ou de alguém do Ambiente, não me lembro se de agora ou de há uns anos atrás, sei que tinha a ver com a construção de alguma infra-estrutura em paisagem protegida, seria algum shopping ? não me lembro e não vou pensar mais nisso até porque mesmo que fosse qualquer coisa ilícita, e não é de certeza porque essas coisas não acontecem no nosso Portugal Colgate, haveria uma explicação lógica e racional que passaria por qualquer coisa do género : não conheço, não vi, não sabia etc.
Engraçado, no nosso Código Civil e aplicado á esmagadora maioria do cidadão o desconhecimento não é razão de desculpa…, é só um pensamento não se preocupem.
E se ainda formos ao deSporto consegue-se também constatar a brancura deste País, como é possível acusarem pessoas de bem só porque delicada e educadamente recebem árbitros dois dias antes de um jogo? Por favor, os Portugueses sempre foram um Povo hospitaleiro com arte em bem receber, e que culpa tem o presidente do clube que mais títulos ganha actualmente em Portugal, que lhe toquem á porta? Vai mandar o homem embora? se calhar a chover e tudo ? Claro que não, parece que estou a ver o dialogo :
…ola muita boa noite o que o trás aqui, mas que honra em receber o arbitro que vai apitar a minha equipa daqui a dois dias…
…estava na zona e decidi fazer-lhe uma visita para não o preocupar e dizer-lhe que tudo vai correr bem, durma descansado…
…este homem é um sr,. isto é que é educaçoem (lembrei me de colocar um sotaque)…
…ora essa, nada como servir bem e honrar a profissão…
…não vai embora sem levar uns bolinhos para a sua sra, ai não vai não…
…o que gentileza, se insiste eu levo e asseguro-lhe mais uma vez que não tem de se preocupar…
E pronto lá se vai embora o homem, e sim sra, é a educação, o charme , o bem receber bem á Portuguesa um exemplo a seguir …aqui…no nosso burgo…bem português.
Li também no outro dia que Portugal quer alargar o seu território marítimo e fez o pedido á Unesco para que a zona territorial marítima abrangesse quase o dobro das milhas actuais, isto a pensar no futuro e na corrida aos oceanos que se aproxima. Uma visão muito á frente sem duvida, alias nós já temos uma nova forma de captar a energia que as ondas produzem, em funcionamento, quer dizer em funcionamento não esta porque ao fim de 4 meses aquilo avariou-se, mas esta lá, e isso é que interessa, e também convenhamos que 4 meses são 122 dias (Fevereiro nunca é chamado para estas coisas) e em horas ui nem vos conto, as coisas avariam-se, claro. Cá para mim foi água que causou a avaria, digo eu claro.
E como água é coisa que não quero continuar a meter acabo por aqui, e fico á espera dos dias que se aproximam, quentes espero eu, alias dias quentes como em qualquer país tropical como é o nosso.
Mais uma vez agradeço a todos os utentes que não entraram no serviço e que possibilitaram a elaboração deste post (ficou bonita esta frase).
Boa noite