Thursday, March 29, 2007

BALZAC E PROZAC

Como diz a canção daquele nosso e portuguesinho interprete que em tempos teve a audácia de se colocar na capa de um vinyl seu, em que aparece todo nú de óculos de sol, note-se o pormenor, em cima de um cavalo branco, qual Lady Godiva não em desespero amoroso mas talvez em competição directa com um qualquer anuncio de um perfume FOR MEN de Giorgio Armani, esse mesmo interprete , um icon, um sex symbol (depois da capa claro ) que faz também referencia numa outra musica ao seu prato favorito que é favas com chouriço, refere a dada altura na dita canção do inicio do texto “…adoro Balzaquianas que vão ao domingo á missa, cheias de naftalina e pó de arroz…” e dei comigo a pensar que essas Balzaquianas são uma expecie extinta de certeza, porque ir á missa mesmo sendo uma bela paroquiana , ok com um dark side tudo bem , já é raro. Quanto ao pó de arroz mesmo não sendo um expert na matéria penso que já caiu em desuso, sendo assim o que nos sobra ? a naftalina claro, e aí sim o que não falta são cheiros a naftalina quer das roupas tiradas do dos baús, armários ou arcas, mas principalmente a naftalina de certas formas de pensar mais próprias de um século XIX.
Mas é pena elas terem acabado porque tinham bastantes virtudes em contraste com as HIP-HOPIANAS de agora.
Sras de uma profunda sensibilidade reflectiam essa forma de ser e estar muitas vezes na escrita, escrevendo o que o coração lhes falava através da Pena e da pena que tinham em ser muitas vezes proibida tal exaltação, numa escrita feita a tinta e lágrimas mas de uma pureza de sentimentos enaltecida por quem admira o belo.
Escritos esses que eram colocados nos espartilhos e nos decotes (e que decotes alguns) de forma a sentirem esse amor bem na “pele” e para também esconderem o que seria talvez uma conduta menos própria dessa época, engraçado que nessa altura eram reprimidos sentimentos por serem impróprios e agora são excessivos e não reprimidos, quem sou eu para os julgar.
Mas ninguém morre de amor, mesmo que deixassem de comer pelo desgosto de algum amor não correspondido ou mesmo impossível (será que algum amor será impossível ?) a causa de morte seria sub-nutrição , a própria historia de Romeu e Julieta não tem o amor como causa de morte mas sim uma insuficiência respiratória e cardíaca causada pelo veneno ingerido e uma hemorragia fatal derivada pelo corte de veias, artérias e vasos sanguíneos causada também através de um objecto cortante. Mas felizardas/os daquelas/es que sabem o que é esse fogo que arde sem se ver, porque amar não é para todos e os que não sabem o que isso é não podem dar valor á exaltação de todo um ser em função de outro, temos pena.
Dizia-me uma amiga á uns tempos que se aparecesse á frente um homem e se apaixonassem logo ali naquele instante ela entregar-se-ia de corpo e alma nesse momento a ele, lindo muito lindo, mas acho que qualquer mortal faria o mesmo, mais a mais ela até é descomprometida logo não tinha que se justificar ao marido, namorado etc que o sapo que beijou se tinha transformado no homem da sua vida, eu pela parte que me toca concordo em absoluto com ela e se me aparecesse a Jolie á minha frente pelo menos de corpo entregava-me de certeza, é tudo uma questão de timings para quem sabe esperar e aproveitar a altura.
Lógico que a razão deste post tem é a ver com a forma com que hoje em dia as HIP-HOPIANAS despejam os seus desgostos principalmente amorosos e existenciais caindo nos Prozacs , Victans e seus derivados, em Portugal principalmente o Victan até porque o Prozac é mais caro e o dinheiro não chega para ginásios, borgas e Prozacs.
Dirão algumas pessoas que esses produtos são essenciais de forma a conseguirem viver e terem o equilíbrio necessário para o seu dia a dia , concordo em absoluto mas o problema reside na moda em que esses produtos se transformaram , no exagero a que se recorre a esses fármacos por dá cá aquela palha alem de que em muitos casos bastariam tomar uma vitamina pensando ser um Prozac por exemplo e estaríamos perante um efeito placebo com as consequentes melhoras. Em Londres por exemplo foram encontradas numa analise ás aguas dos esgotos percentagens significativas de Prozac, como devem saber são expelidas de forma natural pelo organismo, sintomático não ?
Duro no que digo ? Falo porque nunca precisei ? não, nada disso simplesmente realista e pragmático.
Digamos ainda de outra forma, os Prozacs, Victans etc são muito “ins” nesta altura em que vivemos, são formas legais de suportar o dia a dia (mesmo não fazendo nada em muitos casos) com as adversidades inerentes e são direccionados para mulheres também muito “ins”, nada que se compare com umas bejecas que os homens bebem nas tascas ou mesmo uns bagaços tragados de virada , porque isso é muito brega e um “horroreeee”.
Minhas queridas (desculpem a intimidade), tornem-se Balzaquianas , escrevam uns pensamentos bonitos, corem, sim porque ate o corar já é coisa de homem, principalmente quando estamos num bar e conhecemos uma mulher para aí à três shots e ela nos pergunta se vai ser na nossa casa ou na dela , ou se temos preservativos, enfim numa boa mas lá que coramos coramos , falem com os vosso cherrys , lógico que não abusem de conversas tipo Top + ou do mar que está Flat, se quiserem usem mesmo uma lingerie ousada (;-)) , insinuem-se mesmo, façam de conta que estão num bar com as vossas amigas num sábado á noite por exemplo, compartilhem o vosso tempo com eles e deixem os Prozacs e Victans para situações bem objectivas e clinicamente prescritas.
Falem, conversem mesmo as que dirão que não têm ninguém para conversar falem como vizinho de cima ou o de baixo , qualquer coisa (não usem é pó de arroz por favor sou alérgico e farto-me de espirrar).
Sei que existirão muitas pessoas contra esta linha de pensamento, outras, as que me conhecem reconheceram o que digo, e acho que dar-se a volta ( não é dar a volta a um tipinho ou tipinha, calma ) á situação é coisa perfeitamente possível.
Ah é verdade o interprete nú a cavalo de óculos de sol é o José Cid.
È obvio que este post não é dirigido a alguém em particular.