Sunday, August 02, 2009

Mudar e Evoluir...

Uma das provas da nossa evolução é a capacidade de conseguirmos mudar de opinião, ou de gostos, que se vão reflectir depois no nosso dia a dia e na nossa capacidade de os colocar em pratica de uma forma mental ou não. Lógico que não se consegue mudar muita coisa, não se muda de clube por exemplo, ia dizer não se muda de partido mas o que em tempos tinha a ver com ideologias neste momento tem a ver com convites, uns mais apetecíveis do que outros calculo, até porque é tudo neste caso, uma questão de poleiro, e se, se chegou á conclusão que afinal Marx era um grande capitalista não vejo que possa vir grande mal ao mundo que alguém do BE possa ser convidada pelo PS por exemplo, até porque mais uma vez na teoria as ideologias destes partidos pertencem a um mesmo sentido, uns a uma esquerda mais esquerda, os outros a uma esquerda tutti frutti , não confundir nem levar este tutti frutti á letra claro.
Como adepto, desde que me conheço, de causas perdidas e fazendo disso quase uma regra para a minha vida (estão explicados os infortúnios) continuo a pensar que apesar de tudo valem a pena. Mais do que não seja por me fazerem sentir vivo nessas lutas. Não tenho veleidades de me comparar a qualquer Aragorn do Sr. dos Anéis, ou mesmo um Neo do Matrix, mas faço as minhas batalhas dia a dia e pelejo pela honra da minha dama, seja ela de índole profissional ou sentimental, mesmo sem reconhecimento á posteriori.
Isto leva-me a uma das musicas que mais gosto da Madonna, a Vogue, que diz a dada altura “…fellows that were in the mood…”, ora tirando a altura em que andava na secundaria de Linda-a-Velha e até era vice presidente da associação de estudantes, nunca fui muito in the mood, era conhecido, tinha as minhas fãs e os meu seguidores mas nada por aí além, acontece que no outro dia a ler Nietzche reparei numa frase em que ele diz e passo a citar, “…Há uma inocência na admiração: é a daquele a quem ainda não passou pela cabeça que também ele um dia poderia ser admirado…” (não Sócrates não é para ti) e pensei que afinal existe uma luz ao fundo do túnel, não por uma questão de vaidade mas por questões bem mais importantes, como por exemplo o amor, essa “coisa” que o nosso Camões definia como “… fogo que arde sem se ver…” (desculpem lá as reticencias e as aspas mas não quero ser processado por plagio nem pagar direitos de autor) ou até como uma colega minha dizia, que era como um mojito, passava bem pela garganta mas depois ardia no estômago, claro que me recuso a pensar no que ela estaria a pensar quando referiu essa passagem pela garganta, e aqui não é preciso aspas nem nada disso porque ela até vai ficar contente porque finalmente falei nela nos meus posts.
Ai o amor o amor dizia o outro, alimenta-se de quê? Serve para quê? Se acharmos que um dia sonhamos e no outro dia acontece estaremos perto de uma fé quase inabalável que nos foi facultada por algo ou alguém superior, chamando-se ele Deus ou não, e iremos pensar que ao alcançar esse amor o paraíso é já ali, mas Nietzche diz, “…até Deus tem um inferno: é o seu amor pelos homens…”, ou seja todas as asneiras que se cometem em nome do amor, e esse amor pode ser tanta coisa, acabam por ser perdoadas por essa Entidade superior arcando ela com as consequências, claro que depois existe uma transferência de poderes e mais do que não seja para nós aprendermos e, não voltarmos a repetir, sentimos na pele o que custa esse processo todo, digo eu.
Claro que aqui os atritos aparecem de uma forma muitas vezes desmesurada, até Nietzche (e ele a dar-lhe com este fulano) diz que “…é difícil viver com as pessoas, porque calar é muito difícil…” e mais uma vez ele põe o dedo na ferida (desinfectado espero eu) e convenhamos que é actual, hoje não se dá tempo nem oportunidade para que o nosso espaço seja violado por alguém, mesmo com as melhores intenções, mesmo com alguma reciprocidade de sentimentos, e é pena porque podem-se perder oportunidades de se viver melhor nesta nossa curtíssima passagem.
Num dos raros momentos em que me senti muito bem ultimamente (choco frito á parte) foi a ouvir o Concerto para Piano e Orquestra nº1 de Tchaikovsky e a pensar que apesar de ao longo dos anos haver muitas mudanças na nossa personalidade, certas coisas serão sempre imutáveis, e ouvir musica clássica sempre foi uma coisa que fui habituado a fazer, pelo meu pai desde pequeno, e mais do que ouvir a musica era aprender a sentir a musica, imaginar algo de bom (mesmo que fossem as cantoras dos Abba nessa altura) e permanecer quase imóvel a maior parte do tempo que durasse a musica. Era um exercício fantástico, e não direi que nunca cheguei a adormecer a ouvir um Nocturno de Chopin, mas também se era um Nocturno era porque já era tarde e se era tarde um gajo adormece. Agora serve a musica clássica quase como um ex purgante ou um desintoxicante, para mim claro, e acreditem que vale a pena experimentar e depois verem se tenho razão ou não, estou a falar da musica claro, porque o resto já seria puxar a brasa á minha sardinha.
Ora sardinhas é coisa que nunca gostei e não estou a ver como irei gostar algum dia, já Nietzche (onde é que já ouvi este nome hoje?) digamos que foi uma mudança quase radical, do detestável para o admirável, e por falar em admirável se um dia quiserem ler alguma coisa de jeito sem ser este bloco de notas leiam “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley, é uma ideia, alguns dirão:… esquece lá isso, venha mas é o Jornal A Bola até porque o Benfica está em grande…, mas vá lá leiam qualquer coisita séria.
Mais uma noite, mais uns desabafos.

1 Comments:

Blogger Cris said...

Saltitas de pensamento em pensamento de uma forma brilhante sem perderes o " fio a meada"..
A Evolução permite-nos Mudar tudo, até de clube, está garantido !!
Prometo que vou aprofundar o meu conhecimento sobre Nietzche, não tenho a maior das admirações sobre ele, mas confesso que conseguiste despertar-me o interesse...
Afinal encontramo-nos aqui, entrelinhas de palavras e partilha de viveres e emoções...bj

4:04 PM  

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